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  • A Emigração da Região Polesine de Lino Segantin
 
 

Relato das causas do êxodo dos anos de 1800, os fluxos migratórios e evolução demográfica na província de Rovigo de 1864 a 1903, publicado no livro Un Italiano in America de Adolfo Rossi.

 

A Emigração da região Polesine

Lino Segantin

As causas do êxodo do final dos 1800

    Em cada época e latitude, a causa da emigração em massa é sempre a mesma: a pobreza extrema e a falta de perspectiva para o futuro. Somente nas condições mais variadas é realmente possível tomar a dura e desconsolada decisão de interromper as ligações com o ambiente, os parentes, os amigos e procurar longe, em um lugar cheio de incógnitas, novas possibilidades de vida.

    É a amarga decisão a tomar que se deparam dezenas de milhares de Polesinos (naturais da região Polesine, no sul do Vêneto, planície próximo à foz dos Rios Po e Adige) especialmente em dois momentos históricos particulares nos quais a precariedade das condições de vida foi agravada pela grande calamidade das águas: a inundação do Rio Adige de 1882 e aquela do Rio Po de 1951. Eventos estes que, todavia, pela sua gravidade, devem ser considerados como causas das imponentes ondas migratórias, tragédias que certamente aceleraram e potencializaram o fenômeno das partidas coletivas, mas que não explicam sozinhas aquilo que, por duas vezes em menos de um século, configurou-se como um verdadeiro e próprio êxodo.

    Na verdade, o primeiro grande salto do fenômeno migratório não foi, como seria permitido se observar, imediatamente depois da inundação do Adige (1882), quando as águas destruíram a rota de Legnago alagando o território Polesine (1), mas um ano depois, em seguida ao fracasso da famosa greve denominada “Della Boje” (1884-85), que tolheu à massa de trabalhadores cada resíduo de esperança de melhoramento.

    A leitura do longo artigo-reportagem, In Polesine, realizado por Adolfo Rossi em 1889, quando o fenômeno migratório estava, desde ali, demonstrando a sua verdadeira consistência, descreve uma situação de miséria horrorosa na qual viviam muitos polesinos: “Pezo di cussì no la pol andar!” (penso que assim não se pode viver!), exclama o Pároco de Villanova Del Ghebbo, referindo-se às condições de vida dos seus paroquianos. Uma resposta totalmente desolada à pergunta do jornalista com vontade de conhecer os problemas da população. Uma expressão que, em definitivo, delineia a única consciência presente nas mentes das dezenas de milhares de pessoas decididas a deixar para sempre o próprio país (2).

    Mas escutando ainda as palavras do Pároco entrevistado: “...somos párocos de habitantes que levam uma vida, para a qual, a morte seria preferível. Magros, pálidos, amarelos, são molestados pela pelagra e por uma quantidade de outras doenças, contra as quais todos os remédios tornam-se inúteis, porque um só seria o remédio: uma melhor alimentação”.

    O desejo de documentar e, por esta razão, de denunciar as gravíssimas condições de vida de tanta gente pobre, anima a caneta de Adolfo Rossi que na sua reportagem não pode silenciar os episódios mais variados, como o desenterrar de bovinos mortos por doença com a intenção de obter as porções de carne, que somente os famintos e os desesperados poderiam de algum modo desejar.

    Desta situação de negra pobreza coletiva, se deve partir para compreender a amplitude do fenômeno migratório polesano. Uma pobreza devida a múltiplos fatores: a falta de interesse do Estado pelos problemas sociais, antes de tudo, um Estado que, vice-versa, se manifestava com aparência hostil e insaciável do fisco, recordada também no citado artigo de Rossi: um inacreditável imposto sobre os contribuintes recai de fato, até mesmo, sobre os casebres de tábua, ou seja, sobre os miseráveis domicílios, de tanta gente pobre.

    Considerada a crise agrária determinada ao menos por três fatores concomitantes, que, somados, deixaram em ruínas muitos dos pequenos e médios produtores e reduziram as ofertas de trabalho: alguns períodos do ano de clima muito desfavorável, o aumento dos impostos sobre seus terrenos e a diminuição, registrados naqueles anos mesmos, dos preços de venda dos produtos agrícolas.

    Estas situações negativas, agravadas pela impossibilidade de recorrer a alguma forma de crédito (para fazer frente a este angustiante problema o mundo católico reagiria dando vida no decênio próximo às Caixas Bancárias Rurais), determinariam, portanto, a falência de muitas fazendas agrícolas, com a conseqüência de aumentar o número dos trabalhadores em procura de trabalho. O outro lado da medalha, foi um crescimento do latifúndio com a concentração dos terrenos agrícolas nas mãos de poucos grandes proprietários, freqüentemente pouco interessados em investir para o melhoramento dos seus vastos campos. A crise agrária induz, por outro lado, a propriedade a uma política de novas economias, sempre com a tendência a limitar mais os gastos, isto é, dos trabalhadores dependentes fixos para recorrer aos temporários, uma mão-de-obra momentânea menos custosa e sem proteção, com pagamentos bem longe de assegurar uma alimentação à numerosa família (3).

    Crescem, portanto, no final do século, os desocupados, uma massa que aumenta consistentemente também em função de uma situação demográfica inédita: ano após ano se registra realmente um crescimento constante na taxa de natalidade e uma diminuição na de mortalidade, levando a população da Província a um aumento de mais ou menos 33.000 pessoas em vinte anos. Passa-se, na realidade, de 185.000 habitantes em 1863 para 218.000, em 1883 (4), ano sucessivo à inundação do Rio Adige, em cuja data se inicia, na verdade em tamanho ainda muito pequeno, o fenômeno migratório sem prever a imponência que o caracterizaria nos anos sucessivos.

    O ano de 1883 é, realmente, o ano da grande pobreza e necessidade pós-inundação mas é, também, o ano de socorro e ajuda aos sofridos com a distribuição de pães de trigo e centeio (5), e é, sobretudo, o ano das obras na organização das áreas destruídas pelas águas, com benéficas ofertas de trabalho para muitos operários (6). É certo que, ao término deste ano, é a primeira vez que os trabalhadores polesinos voltam a encontrar uma forma de organização e conforto, com a determinação de dar início no ano seguinte a manifestações de protesto para conseguir salários mais adequados.

EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA NA PROVÌNCIA DE ROVIGO DE 1864 A 1903

QÜINQÜENIOS

NASCIMENTOS

ÓBITOS

SALDO NATURAL

POPULAÇÃO RESIDENTE

1864-68

41.089

33.423

7.666

191.128

1869-73

44.620

34.510

10.110

200.835

1874-78

44.358

35.910

8.448

209.267

1879-83

45.039

34.721

10.318

217.700

1884-88

48.009

33.696

14.313

218.799

1889-93

45.784

28.505

17.279

219.899

1894-98

44.094

25.661

18.433

220.999

1899-03

46.298

25.904

20.395

221.904

    A tabela coloca em evidência o rápido aumento da população polesana – no suceder-se dos qüinqüênios – de 1864 a 1903.

    O saldo natural (dado da diferença entre nascimentos e óbitos) é sempre positivo e supera freqüentemente os 10.000 indivíduos por qüinqüênio, com uma progressão constante até redobrar e superar as 20.000 unidades no último qüinqüênio considerado.

    Não obstante, o consistente ativo dos últimos quatro qüinqüênios citados na tabela (conjuntamente 74.420 indivíduos) a população residente polesana resulta, ao fim, acrescida somente de 3.105 indivíduos, passando de 218.799 a 221.914. As 67.315 pessoas que não resultam residentes representam, portanto, a contribuição à emigração elevada do Polesine nos quatro qüinqüênios considerados.

    Na primavera de 1884 se registra, portanto, em vários municípios da região, um movimento entre os camponeses que se predispõem a uma ação de greve clamorosa, colocada em prática em junho, no momento da colheita do trigo (grãos), quando, ao grito da greve “Della Boje”, se inicia a abstenção ao trabalho com o pedido (que em algum caso alcança resultado) de pagamentos mais coerentes (7).

    A maior parte dos proprietários se mostra, porém, bem decidida a contestar as ações da greve, deixando fazer passar as ações de protesto como uma verdadeira provocação, com o objetivo de obter a intervenção do Governo, que não hesita em enviar para a região Polesine repartições do exército. Os quais, não se limitam a controlar a situação, na realidade, cada vez mais tensa, mas, em alguns casos, chegam, até mesmo, a substituir nos campos os camponeses em greve, enquanto o aparato judiciário iniciava os processos contra os chefes da “Della Boje”, cominando em pesadas condenações. Também conseguem espalhar um clima de desconfiança entre os camponeses e, portanto, algumas tentativas de repreender ações da greve no ano de 1885 não foram suficientes, enquanto a situação de controle volta às mãos dos proprietários e dos locatários.

    Vendo diminuir as perspectivas de um melhoramento das condições de vida, surge com mais vigor, com isso, a hipótese da necessidade de deixar a terra de origem. Nos anos sucessivos ao fracasso da greve “Della Boje” se assiste, portanto, a uma intensificação das partidas em direção a América Latina, levando a um verdadeiro e próprio levantar vôo em 1888, quando quase 14.000 pessoas abandonam a região Polesine (8).

    Descrentes, desnutridos, pobres e socialmente marginalizados também pela falta de instrução mínima, cansados de combater as doenças endêmicas entre as quais a pelagra e a malária, e sempre mais enfurecidos contra os proprietários de terra, responsáveis pela redução de salários, causa primeira das más condições de vida deles, muitos camponeses decidem vender suas miseráveis mobílias e utensílios, para embarcar a procura de um mundo novo. Nas bocas de muitos, um slogan e uma esperança para o futuro se misturava ao ódio, já radicado contra a classe patronal: “Viva a América e morte aos senhores!”.

    Dirigiam-se, sobretudo, para o Brasil das grandes plantações de café, os fluxos de emigrantes polesanos e vênetos. Na realidade, depois que uma Lei havia, então, abolido a escravidão, os proprietários de terras pretendiam substituir a mão-de-obra negra (até agora utilizada a custos baixíssimos de pura manutenção) pelos camponeses provenientes do velho mundo, manifestando interesse especial pelos vênetos, considerados trabalhadores incansáveis e pouco inclinados a rimostranze preguiça. O interesse dos fazendeiros brasileiros para se obter a mão-de-obra necessária encontrou, bem cedo, um formidável meio de convencimento: uma passagem pré-paga para atravessar o oceano.

    Sobre as peles dos emigrantes surge, então, um desprezível negócio incrementado pelas companhias de navegação, as quais serviam de agentes, sem escrúpulos, prontos a chegar nas cidades do Vêneto para convencer os duvidosos a deixar a própria terra, despertando a cobiça e a atração deles em promessas quase sempre de tudo ilusórias.

    A vontade de abandonar a terra ingrata, havia já feito um desfalque de milhares de pessoas, sendo assim, no ano de 1891 se alcançava o excepcional recorde de 17.000 partidas. Um número altíssimo que colocava a região Polesine no primeiro lugar em emigração, não somente em nível de região do Vêneto, mas de toda a Itália. Um outro salto (mas de proporções menores) se teve no ano de 1895, com um registro de 11.300 partidas, confirmando, mais uma vez, o triste recorde da emigração polesana no contexto vêneto (9).

    Em um quarto de século, cerca de 65.000 pessoas (não faltam avaliações superiores que consideram o fenômeno além de 70.000) deixaram, portanto, a região de Rovigo a procura de condições de vida menos hostis. Tratou-se de um verdadeiro e próprio êxodo, que viu muitos municípios despovoar-se, deixando um clima de desolação e descrença.

Com o início de um novo século, se reduz o fluxo migratório 

    A intensidade do fluxo migratório marca uma rápida redução com o início de um novo século. Os maciços embarques, registrados no decorrer dos vinte anos precedentes, haviam interferido profundamente na base demográfica da região Polesine, mais ou menos nos primeiros anos do século XX se registra uma determinante queda nas partidas, que se estabilizam sobre um número médio de 2.000 ao ano e se caracterizam pela escolha dos destinos mais pertos. A nova emigração é mais orientada para âmbito europeu, com objetivos limitados do ponto de vista temporal.

    Tudo isso é, também, resultado de uma situação menos desastrosa nas condições de vida. Alguma mudança positiva era efetivamente determinada na base da sociedade polesana, onde algumas iniciativas concretas estavam produzindo um certo inegável melhoramento: surgiam as Caixas Bancárias Rurais, disponíveis a conceder empréstimos aos pequenos proprietários que se encontravam em dificuldades ou pretendiam fazer melhorias nas suas propriedades (10); a maciça emigração havia, pois, reduzido a enorme massa de desocupados, levando a uma real diminuição das situações de miséria mais severa; por iniciativa dos agricultores, foi instituída uma Escola Ambulante de Agricultura com o objetivo de melhorar o rendimento das lavouras (11); começaram grandes serviços de sistematização hidráulica, como a escavação do Coletor Padano- Polesano, com um aumento dos trabalhos e a drenagem dos terrenos de várzeas houve vantagens das condições higiênicas e a redução das febres malárias (12); os estudos do médico filantropo Nicola Badaloni foram determinantes, em expressão, para a redução do flagelo da pelagra (13); os camponeses organizados nas leis de melhoramento de origem socialista, haviam introduzido o princípio da contratação coletiva com vantagens sobre o plano salarial (14), ao passo que os mais ricos haviam dado início a um processo de industrialização com a construção, nos primeiros anos do século, de engenhos de açúcar em Ficarolo (1901), em Lendinara (que por anos foi o maior da Itália), em Cavanella Po e Rovigo, que levaram a região de Rovigo a deter o recorde nacional de produção de açúcar; em 1902 foi inaugurada, em Castelmassa, a Fecolaria (fécula); em Calto, Giacciano, Castelmassa, S. Maria in Punta, foram abertas grandes fornaci, enquanto Lendinara confirmava o seu recorde industrial também com a realização de um grande jutificio (juta) e, posteriormente, de um canapificio (cânhamo) (15).

    Com as novas ofertas de trabalho, melhoraram as condições de vida e se reduziu o fluxo migratório que, porém, não se extingue nunca completamente, fazendo registrar, ao invés disso, um certo reinício de partidas, com um total de 7.000 no biênio 1906-1907.

    Esta, do novo século, se caracteriza, de qualquer modo, como uma emigração diferente, de forma temporária, mais consciente dos problemas reais, direta às cidades da Europa. Os fluxos são, agora, mais coordenados pelas associações humanitárias de natureza católica ou socialista, constituídas em Rovigo mesmo, para oferecer uma real ajuda aos emigrantes, seja na escolha do destino, como na resolução das práticas do exílio (16).

    A escolha preferencial pelas cidades européias às da América Latina, foi determinada, também, pela abolição da famosa passagem gratuita, que por anos havia sido um grande estímulo para a emigração transoceânica. Uma decisão tomada pelo Governo italiano em 1902, com o decreto assinado pelo então ministro do exterior Prinetti, solicitada muitas vezes por Adolfo Rossi, que nesse meio tempo foi chamado a fazer parte do Comissariado da Emigração. O jornalista, bem intencionado, temia de fato que os emigrantes no Brasil terminassem debaixo do poder e domínio dos fazendeiros espoliadores, inclinados a tratá-los de modo igual aos escravos há pouco libertados (17).

    E para conhecer mais de perto aquela realidade, Adolfo Rossi quis ele próprio experimentar a vida de um emigrado. Enquadrando-se como sendo um trabalhador braçal, portanto, no Brasil onde lhe foi prometido um trabalho numa região perto da costa, encontrou-se, ao invés disso, um terreno árido e infértil, uma situação de penúria da qual um trabalhador não teria condições de sair. Somente graças à sua experiência, o jornalista pôde pegar a estrada de retorno e embarcar para a Itália onde fez um relato detalhado da sua experiência que certamente influiu nas decisões governamentais.

    O fluxo migratório da região Polesine nos primeiros decênios diminuiu, portanto, mas não se exauriu nunca de todo, vindo depois dirigido, no período fascista, em direção à região de Latina (agora Littoria) na continuidade das áreas drenadas da campanha romana, ou em direção à região de Bolzano, em função de uma política objetivando um equilíbrio numérico em comparação com a etnia alemã ou, por fim, em direção às colônias da África.

O novo êxodo depois da inundação de 1951.  

    Uma retomada maciça do fenômeno migratório aconteceu no pós-guerra, em particular, depois da inundação do Po em 1951 e no rápido desenvolvimento registrado no chamado triângulo industrial (Milano – Torino - Genova), que em mais de um decênio atraiu milhares de polesanos. Esta foi uma emigração numericamente ainda mais relevante do que aquela do último decênio do século anterior mas, em gênero, menos traumática, já que não saía de dentro do Estado, todo destino era em direção às zonas mencionadas naquilo que de fato determinou o milagre industrial.

    A região Polesine, que em 1951 havia alcançado o número recorde de 350.000 habitantes, alcançou o decênio com uma sangria de 80.000 pessoas, que aumentaram, posteriormente, no decênio seguinte, até levar a 130.000 o número de emigrantes do pós-guerra (18).

    Também esta foi, obviamente, uma emigração feita de sofrimentos, de esperanças, de renúncias, mas também de satisfação pelos resultados bastante rápidos conseguidos sobre o plano do bem-estar econômico.

NOTAS 

(1)     As conseqüências da inundação do Adige, devidas ao transbordamento do rio, se constatadas em 18 de setembro de 1882 em Legnago, foram verdadeiramente desastrosas para a região Polesine, que eram cerca de 69.000 hectares de terras alagadas, com um nível de água que, nas zonas mais baixas e perto do leito do rio alcançava a altura de 8 metros sobre o campo. Foram 352 as casas destruídas e 8.000 danificadas, deixando 85.000 pessoas procurando refúgio com os animais sobre os diques do Rio Po e em outros lugares elevados, onde passaram o inverno inteiro em acampamentos precários. Cfr. Giuseppino Padoan, 1882: O ano do Adige, em “Estudos polesinos / entre os 800 a 900”, Rovigo, Minelliana, 1897.

(2)     O artigo, redigido para o jornal diário “La Tribuna” de Roma é reportado neste volume a página 221.

(3)     O salário diário de um empregado temporário variava de 50-60 centavos no período de inverno, a 2 liras, 2 liras e meia no período da safra. Tinha-se certo que o custo de um quilo de pão era de cerca de 40 centavos. Cfr. Antonio Lazzarini, Economia e Sociedade em transformação na região Polesine do final de 800, em “Estudos polesinos / entre os 800 a 900”, Rovigo, Minelliana,1897.

(4)     Cfr. Sonia Residori, A evolução demográfica do Vêneto no séc. XIX (algumas considerações sobre a mortalidade polesana), em “Estudos Polesinos...”, citados nas páginas 47-60. Deste estudo e em particular da tabela 1 “Rovigo, Movimento natural da Província por qüinqüênios (1818-1903)” - vêem tratar os dados da tabela  “Evolução demográfica na Província de Rovigo de 1864 a 1903”, publicada na pág. 235.

(5)      Em 1883 foi registrada uma significativa diminuição dos casos de pelagra, fato positivo que Nicola Badaloni, médico de Trecenta, estudioso do fenômeno, imputa às ajudas governamentais a favor dos sofridos. E o prefeito de Rovigo da época confirma em uma nota sua, observando que “... a alimentação com pão de trigo e de centeio, os quais foram doados pelo governo aos sofridos com a inundação, impediram o destino de mal súbito...”. Cfr. Lorella Furini, Nicola Badaloni e as doenças endêmicas na Província de Rovigo, em “Igreja e Sociedade na região Polesine no final dos 800”, a cura de Gianpaolo Romanato, Rovigo, Minelliana, 1991, pág. 306.

(6)      O governo dispensou 5.000.000 de liras para reparações extraordinárias nas obras hidráulicas danificadas pela cheia do outono de 1882. Cfr. Giuseppino Padoan, 1882: O ano do Adige, em “Estudos Polesinos...”, cit. Pág. 61-70.

(7)      A agitação “Della Boje”, foi em efeito muito mais que uma simples reivindicação salarial, enquanto foram bem presentes motivações de autêntica luta de classes nos confrontos com empregados. Cfr. Vittorio Tomasin, 1884-86, os anos “Della Boje” na região Polesine, em “Estudos Polesinos...”, cit. Pp.157-190.

(8)      Cfr. Manizio Tramarin, Da inundação de 1882 à “Grande Emigração: o caso de Giancciano con Baruchella”. Em “Estudos...”, cit. pp. 95-96, e Giavanni Zalin, Problemas econômicos e sociais da terra polesine entre “La Boje” e a grande guerra (1884-1915), em “Igreja e Sociedade...”. A conclusão do dito estudo vem entre o outro reportado gráfico “O êxodo rural na região Polesine da origem à explosão da Grande Guerra Mundial”, cujos dados são tratados pelo Comissariado geral para a emigração, publicação estatística da emigração italiana de 1876 a 1925. O tal gráfico que refazemos na tabela reportada a pág. 237 com o título “o êxodo da região Polesine de 1876 à Primeira Guerra Mundial”.

(9)     Seja na imponência da emigração da região Polesine, seja no contexto Vêneto que italiano vê-se aqui o que seguiu: a emigração polesine no contexto vêneto.

(10)  A primeira Caixa Rural polesiana foi instituída em Molinella, região de Lendinara, em 1893 por iniciativa de Don Giuseppe Miorelli, seguindo o exemplo de Don Luigi Cerutti, que no ano precedente havia criado a primeira Caixa de caráter católico em Gambarare (Venezia). O caminho era agora aberto, e foi rapidamente seguido em todo o território polesine, tanto que, somente depois de dois anos, no território da diocese se podia contar já 28 Caixas Rurais. O empenho no setor de crédito foi levado em frente com determinação do mundo católico, decidido a uma concreta ação no caráter social depois da encíclica Rerum novarum do Papa Leão XIII (1891). Cfr. Mario Tramontin, Giacomo Sichirollo e a obra dos congressistas, entrando em “Igreja e sociedade...”. Vê-se também Pier Luigi Bagatin, da Caixas Rurais e Bancos de Crédito Cooperativo, Lendinara, em Pilastrello, 1994.

(11)  A Cátedra ambulante de agricultura, sustentada pelos agricultores polesinos, foi proposta em 1886 por Giovanni Battista Casalini (a qual se deve também iniciativas de relevo no setor de crédito) pelo desenvolvimento das culturas agrícolas e, sobretudo da bieticultura. No final do século, de fato a Província de Rovigo era acreditada como a mais inclinada da península pela produção de beterraba para açúcar, fornecendo o mercado nacional em um quarto de toda a produção italiana. Cfr. Luigi Conte Giacomo, A classe dirigente polesana depois da Unificação da Itália - A direita liberal, em “Igreja...”. op. Cit. pág.188.

(12)  O coletor, construído artificialmente de 1895 a 1901, considerado como a obra que mostra o crescimento da (bonifica) moderna da região Polesine, tem origem da Fossa Polesella (vala para águas) para desembocar, dar saída, depois de 53 quilômetros, no Rio Po em Levante. Além de melhorar a situação hidráulica, a obra teve um imediato impacto sobre o plano higiênico com a redução das zonas de pântano e uma consistente redução da epidemia da malária, diminuída de 6-8.000 casos já no ano de 1903-1904. Cfr. Giuseppino Padoan, A construção do Coletor Padano - Polesano no Polesine, compreendido entre Canalbianco e o Po, em “Estudo...”.

(13)  Lorella Furini, Nicola Badaloni e as doenças endêmicas na Província de Rovigo, em “Igreja...”,op. cit. pp.299-300.

(14)  Pier Luigi Bagatin, A grande emigração e o Polesine de final de 800 na publicação de Adolfo Rossi em “Igreja...”, com particular referência ao documento reportado em suplemento “As leis dos agricultores na região Polesine” de Adolfo Rossi.

(15)  Luciano Maragna, O nascimento da indústria no Alto Polesine no início de 900, em “Estudos...”, e Anna Botti “Os Bellini de Trecenta. Novas Figuras de empreendedores agrícolas”, em “Igreja...”.

(16)  Maurizio Tramarin, As iniciativas dos socialistas e dos católicos polesines para os emigrados nos primeiros anos de 1900, em “Estudos...”, op. cit. pp. 243-282.

(17)  Pier Luigi Bagatin, A grande emigração do final de 800...” op.cit.pp.215-216.

(18)  De 1951, A Rota, O Po, O Polesine, A paróquia de Luigi Lugaresi, Rovigo, Minelliana, 1994, se vêem em particular os seguintes sábios: Valentino Zaghi, A Rota, A Inundação e o Sfollamento na memória coletiva, Luigi Ambrosoli, O Polesine fora da região Polesine, Luigi Contegiacomo, O êxodo da população e os centros de acolhimento, Armando Todesco, A emigração Polesana na Lombardia dos anos 50 aos anos 80

 

 
 
 
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