A Itália é um país com mais de trinta séculos de história. Foi, de fato, sede de grandes civilizações que influíram profundamente na evolução de toda a cultura ocidental. Berço da civilização etrusca e sede de importantes centros históricos e culturais da civilização grega, foi o centro do Império Romano que, por centenas de anos, dominou o mundo ocidental.
A queda do Império Romano (476 DC) significou o fim de uma organização política, mas não o de uma civilização. Os invasores, freqüentemente primitivos como os povos provenientes do norte da Europa, acabaram por ser diretamente influenciados pela cultura romana, claramente superior na época.
Na história do país, sucederam-se divisões e reunificações. Carlos Magno, rei dos Francos, coroado imperador no ano de 800, reconduziu sob o poder de Roma quase todas as províncias européias do antigo império. Teve-se assim a restauração da idéia imperial, associada à religião cristã, com a criação do Sacro Império Romano, cujos limites se estendiam dos Pirineus ao Elba e ao Danúbio, do Mar do Norte ao Mar Adriático.
Com Carlos Magno e os seus sucessores, surgiu na Europa uma nova ordem política e social: o feudalismo, assentado na subdivisão do Império em várias partes. Em todas as suas graduações, a nobreza feudal constituía uma classe privilegiada, dotada de terra e de bens, permeada por ideais guerreiros, fiel às instituições militares, completamente separada da massa da população servil e explorada. As cidades, ao contrário, embora escassamente povoadas, gozavam de certo bem-estar e de relativa prosperidade por causa da possibilidade de trocas comerciais e pela presença de pequenas oficinas locais, de caráter artesanal. Lançavam-se assim as bases para o desenvolvimento da autonomia das cidades, que no século XII se realizaram completamente com a criação das comunas, um ordenamento que se desenvolveu, sobretudo, na Itália setentrional e central, enquanto que na meridional este processo dói detido pelas conquistas normanda e sueva e pelas monarquias que aí se sucediam.
Nos séculos XIV e XV as comunas transformaram-se em Senhorias para salvar-se dos perigos externos e das lutas civis internas. A um “Senhor”, de fato, era confiada a direção de assuntos públicos, com plenos poderes. As famílias mais célebres que se sucederam no poder foram os Visconti e os Sforza em Milão, os Médici em Florença, enquanto a afirmar-se uma família, a dos Savóias, que teria grande influência sobre os destinos da Itália nos séculos seguintes.
Outro fato importante marcou a história deste período. Em 1453, a queda do Império Romano do Oriente e a conquista, pelos turcos, de grande parte da bacia do Mediterrâneo, impeliram os navegadores ao encontro de outras rotas para alcançar o extremo Oriente, fonte de aprovisionamento dos prósperos mercados europeus. Na busca de um novo caminho pra chagar à Índia, em 1492, Cristóvão Colombo descobriu a América, abrindo nova e importante página na história do mundo.
Na Itália, as lutas internas pela sucessão haviam, entretanto, favorecido o advento de outras dominações estrangeiras.
Outra virada será conseqüência da revolução francesa, cujos ideais, dos quais os italianos haviam sido espectadores e participes, lançaram suas sementes entre o povo. Dividida em sete Estados após o congresso de Viena (1815), conseqüência da derrota de Napoleão, a Itália começou o seu processo de reunificação que demandaria 50 anos de ásperas lutas. Os protagonistas desta batalha pela unificação foram Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi, portadores de idéias republicanas e a casa dos Savóia, com o primeiro ministro Camilo Benso de Cavour. Em 1870 foi finalmente constituído o reino da Itália, e de Roma sua Capital.
O processo de unificação somente estaria concluído com a Primeira Guerra mundial que garantiu à Itália a anexação das regiões do Trentino e de Friuli e da cidade de Trieste.
Para livrar-se definitivamente da pressão exercida sobre suas fronteiras norte-orientais, pelo império Austro-Húngaro, a Itália teve porém de pagar um alto preço, constituído por muitas vidas humanas, e por uma situação econômica desastrosa. Desvalorização da moeda, inflação, contradições políticas, econômicas e sociais favoreceram o advento ao poder do Partido Fascista, fundado e dirigido por Benito Mussolini. Gradualmente todas as liberdades foram reduzidas ou suprimidas. O país foi primeiramente envolvido numa absurda política colonialista, pela conquista da Etiópia, e depois na guerra ao lado da Alemanha nazista.
Despreparada, também militarmente, para um conflito de tais proporções, a Itália viveu o drama da luta fraticida: de um lado aqueles que haviam aderido ao ideal fascista e do outro os antifascistas. Às vítimas deste confronto somaram-se as da guerra contra outras nações.
Obrigado a enviar suas tropas mal armadas e frentes muito distantes, sem uma indústria bélica moderna e sem matérias –prima, dividido e destruído, o país não podia resistir por muito tempo à maciça ofensiva do bloco anglo-russo-americano. As derrotas na África e na Rússia tornaram definitivo o desligamento do povo italiano do regime fascista; difundia-se cada vez mais a convicção de que a única saída para a Itália era a denúncia do acordo com a Alemanha nazista, deito por Mussolini, e a reconciliação com as potências ocidentais.
Em plena II Guerra Mundial, com o país destruído e dividido, a guinada foi traumática: a Itália encontrou-se com partes de suas terras ocupadas por ex-aliados (os alemães) que se haviam transformados em inimigos e por ex-inimigos que se haviam tornado aliados. O seu território tornou-se um campo de batalha sangrento e violento. Neste período foi importante a ação do movimento partisão da “Resistência” que, ao lado de tropas aliadas, contribuiu à libertação, isto é , a livrar a Itália das forças nazistas. Em abril de 1945, finalmente, os canhões emudeceram. A Alemanha nazista estava derrotada. O fascismo debelado e seu principais expoentes justiçados.
A Itália saiu desta infeliz experiência com um bálano muito grave: um país dilacerado por profundas destruições e divisões, com seu território reduzido, obrigado a fazer concessões aos países limítrofes e a renuncias às colônias africanas (Líbia, Somália e Etiópia).
Um ano depois, o encaminhamento concreto da reconstrução era sancionado por um plebiscito que determinava o fim da Monarquia e a introdução da República. Com a convocação da Constituinte, o país entrava decididamente no caminho da democracia plena que, baseada em uma história e em uma cultura consolidada por séculos de experiência, tornou-a uma das nações mais modernas e avançadas.
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